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quinta-feira, 18 de abril de 2013

CAPÍTULO 09


Capítulo 09

Músicas que embalam o capítulo:


Sunny -  Jennyfer Hunter

Quando ela me disse que era somente sexo, confesso que não fiquei tão chateada, pois o que eu poderia esperar dela? De verdade? Sim, era uma atração física forte e inexplicável, e parecia que era só isso mesmo. Contudo, se depois acontecesse de surgir algo mais profundo, lidaríamos com isso juntas ou não. Portanto, realmente eu não poderia exigir muito dela. Queria apenas coragem e sinceridade da parte dela. E dessa vez, tanto no desejo quanto nas palavras, ela havia me mostrado isso. Mesmo tendo enxergado isso nela naquele momento, não perderia a oportunidade de responde-la usando um tom irônico. Afinal de contas, o que ela achava? Que deveria me pedir em casamento por ter tirado minha virgindade lésbica? O melhor sexo já feito com alguém tinha sido com uma mulher. Admito. E transar com ela mais a proposta de termos só isso, me proporcionava vislumbrar um mar de possibilidades. Nada de amarras, obrigações ou convenções... éramos livres e essa era a parte maravilhosa do lance. 
Puxei ela pra mim e disse: 
- Olha só... Fica tranquila. Não precisa falar mais nada. Tá tudo certo... Vamos aproveitar, ãh? Já enfiando minha mão no pescoço dela e subindo pela nuca... sentir Camila se arrepiando era um sinal de que eu teria mais... encostei minha boca na dela e soprei: 
- E a última coisa que eu quero é exclusividade... mas agora, vem aqui... – enquanto colava seu corpo no meu. Ela queria sexo...e eu já estava em abstinência disso. .. joguei meu corpo em cima daquele corpo que também demonstrava que me queria... liguei o som e ali, no meu quarto, conduzi o ritmo dos nossos corpos... Camila estava entregue e eu queria devorá-la... lamber, sentir, sugar cada pedacinho daquela pele cheirosa, quente e macia... Rebolei intensamente em cima de sua cintura... enquanto Camila acariciava meus seios... os olhos negros brilhando... Ela estava ali comigo... sim... era ela...gemendo pra mim...se contorcendo só pra mim... e saber disso alimentava meu tesão por ela ainda mais. Linda... entregue... faminta... a queria em minha boca tanto que ao tocá-la pude senti-la pulsante, vibrante e encharcada de prazer pra mim... dei a ela tudo... língua, lambidas, mordidinhas ... até que ela gemeu alto uma, duas... repetidas vezes... inundando, irrigando minha boca com o melhor do seu liquido. 
Joguei meu corpo por cima do dela... suadas... felizes... porém, ainda não satisfeitas... falei no ouvido dela: - você é uma delícia, Camila. Fazendo-a revelar força para mais um round. Que sexo! Que gosto! Que mulher fogosa! Não queria parar nunca... ela se jogou por cima de mim já dizendo... – agora você é toda minha. E jogando minha mão pra cima da minha cabeça, ordenou que eu não tocasse nela... seria somente ela em mim... obedeci louca pela experiencia de ser tomada absolutamente por ela... Camila começou sugando e mordendo a pontinha das minhas orelhas... lambendo o meu queixo, pescoço... mordendo levemente os seios... minhas mãos iam descendo ao encontro de suas costas... mas eu era repreendida... fiz isso umas três vezes, até que Camila pegou o lençol da cama e amarrou minhas mãos me forçando apenas a receber seus afagos, carinhos, insinuações... arranhões... ritmo... beijos, mordidas... até que abriu minhas pernas... me olhou e passou a língua len.ta.men.te no meu sexo... sem desviar seus olhos dos meus... Eu queria me soltar daquele pano... pra arranhá-la... mas minha única saída era me contorcer enquanto ela me lambia rítmica e voluptuosamente. Assim ficamos... ela e eu festejando com os sentidos, realizando trocas, misturando prazer e entrega em plena noite de segunda até a exaustão apagar a luz. 



Naquele outro dia, acordei, mas fiquei deitada acariciando aquele ombro nu enquanto aguardava Camila abrir os olhos... Os cílios deram o sinal de que ela estava despertando... seu olhar no meu acompanhado de um sorriso e um bom dia rouco foi a recompensa que buscava. Dei bom dia e nos beijamos. A vontade de querer tê-la novamente já dando as caras... Camila veio se acendendo... mas eu a cortei perguntando: - Vai passar o dia aqui comigo? 
Camila suspirou profundamente e acariciando meu rosto respondeu: 
- Adoraria, Sun. Mas preciso voltar pra trabalhar.
- Que pena! Vai que horas? Perguntei com denguice na voz. 
Ela ergueu a cabeça pra ver a hora no relógio de cabeceira... e deu um pulo da cama, acabando com o clima.
- São oito horas? Putz! Preciso ir. 
Terminou a frase já procurando e recolhendo as roupas apressadamente. A mim restou sair da cama e falar: 
- Camila... fique à vontade. Vou ali na cozinha fazer um café pra gente. 
- Não, não... não precisa. Eu como algo na estrada e... 
- Você não vai sair dessa casa sem provar um golinho do meu café, ok? Pode parando de surtar. 
Disse enquanto entregava a camiseta dela que estava atrás da cadeira da minha penteadeira. Ela agradeceu, sorriu, pediu desculpas pela correria e me deu um beijo. 



Durante o café, pouco conversamos. Ela agradeceu pelo desjejum mencionando que estava tudo gostoso. Mas pediu desculpas novamente porque estava fazendo tudo correndo. Não podia ficar por conta das obrigações lá no cartório. Eu até brinquei que, pelo menos, daquela vez era pra ir trabalhar. 
Fomos caminhando até a porta e quando a abri, puxei ela pelo braço e dei-lhe um beijo. 
- Adorei a noite com você...
- Eu também, Sunny. Obrigada por me proporcionar isso. 
Nos beijamos calidamente... e aos poucos fomos avançando nas mãos, na urgência em nos querer de novo... o clima ficando intenso... e enquanto nos acariciávamos, lambei seu ouvido e falei: 
- Posso te ligar durante a semana? 



Senti que Camila travou um pouco os movimentos depois da pergunta... Ela, com um jeito que poderia ter passado, se eu já não conhecesse seu modus operandi de fuga, foi parando lentamente... envolveu meu rosto entre suas mãos e olhando pra mim disse: 
- Lembra do que conversamos? 
Me beijou e continuou...  – Deixa que eu te ligo. 
Dei um sorriso conformado, mas não deixei estragar o clima. 
- Tá bom. Vou aguardar tá? 
Ela sorriu, me deu mais um beijo molhado e quando, enfim, nos separamos, a levei até o carro que estava estacionado lá fora. 
Ela me deu um abraço apertado e disse que tinha sido maravilhoso estar comigo. E que iria trabalhar feliz depois dos momentos que tivemos. Disse-me que eu era uma mulher muito especial. Eu sorri pra ela. A beijei mais uma vez e dei tchau, com um misto de sentimentos indefiníveis... realmente tinha sido bom demais...estávamos nos acertando, nos entendendo, nos conhecendo mais. Mas a esquiva dela em definir que somente ela me ligaria tinha me incomodado um pouco. Ela ligou o carro, me olhou mais uma vez, deu ré e virou a esquina e partir sem ter deixado sequer seu número de celular comigo para que eu pudesse ligar pra ela quando eu sentisse saudades.  
Entrei, me joguei na cama e fiquei olhando pro nada... tentando, de alguma forma, entender tudo que havia acontecido... repassando desde a hora em que ela havia chegado, desde os momentos de êxtase juntas até a inevitável partida. O cansaço me arrebatou e eu dormi mais um pouco. 



Acordei com minha campainha tocando insistentemente. Levantei e fui ver quem era. Depois de girar a chave na fechadura, ele entrou falando sem parar de uma só vez: 
- Sunny! Que bom que tá viva!!! To tentando falar contigo desde ontem a noite, mas seu telefone só estava dando desligado. Passei na barraca das meninas pra saber se tinham notícias suas, e me disseram que você tinha estado doente. Continuei te ligando, mas nada de me atender. Só consegui passar aqui agora pra te ver. 
- Acabou? Quer um balão de oxigênio pra respirar? 
Ironizei assim que ele acabou de falar. Ele riu, mas logo depois falou em um tom sério.... 
- Porra! Eu realmente estava preocupado. 
- Obrigada. Mas e aí, nêgo, tudo bem? 
Perguntei enquanto abraçava Chocolate. 
- Tá tudo bem sim, Sunny. Mas e você? Tu sumiste do PUB no sábado. Fui te procurar e não te achei mais. Aí fui lá na mesa onde estavam as meninas e dei falta da lindinha da Camila. – Sorriu indicando que havia sacado o que tinha acontecido. Eu sorri também enquanto trancava a porta e ele sentava no sofá. 
– E aí? Como foi? 
Ele sabia que tinha rolado. Ele me conhecia bem o bastante pra saber que tínhamos ficado. Dei um sorriso sem vergonha pra ele... que disse: 
- Não acredito!!! Mulher... você com ela? É sério? 
E todo animado queria saber de tudo...  – Me conta... como foi? 
Perguntei se ele queria comer e beber alguma coisa. Ele aceitou. Então fomos para a cozinha. Tirei um saco de camarão da geladeira, peguei duas latinhas de cerveja e estendi pra ele pegar uma enquanto eu abria a outra. 
- Senta aí que vou te contando enquanto preparo isso aqui. 
- Ai meu Deus... adoro historinha!!! 
A mona deu batidinhas com as mãos no balcão toda afoita. 

Quando terminei de contar tudo, nós já tínhamos aberto mais umas boas latinhas e ele estava pretérito com Camila.  
- Quer dizer que o lance é esse? Só sexo? 
- Sim, meu amigo. A mulher quer uma válvula de escape pra se satisfazer quando precisar. Até então ela não tinha sentido isso por outra mulher. Aí, como correspondi, juntou a fome com a vontade de comer. 
- Mas a comida é boa, pelo menos?
Perguntou rindo. 
Eu parei e fiquei lembrando de como tinha sido muito melhor dessa ultima vez. Dei um sorriso e completei.... 
-  Boa e farta!!! 
Rimos juntos. 
Chocolate me perguntou ficando mais sério... 
- Mas, Sunny... você vai se sujeitar a essa situação? Ficar à disposição? 
- Então... ela não me deve nada. E eu também não. 
- Não foi isso que te perguntei, amiga... quero saber se vai ficar esperando por ela? 
- Ah! Tá tudo acontecendo muito rápido. Eu até perguntei a ela se poderia ligar durante a semana, mas ela achou melhor dar as cartas. 
- Como assim, Sun? 
- Ué... ela que vai me ligar.  
Ele deu uma última golada e me encarou por um instante me avaliando... 
- Não acredito nisso. A história vai se repetir e você vai se machucar feio. 
Falou fazendo referência ao meu passado. Fingi que não havia entendido. 
- Que história? 
Levantei pra pegar mais duas latinhas na geladeira. Quando fechei a porta do congelador ele estava do meu lado. Tirou a lata dele da minha mão, colocou sobre o balcão... voltou a pegar na minha mão e soltou: 
- Já esqueceu, Sunny? 
Abaixei a cabeça denunciando que não poderia fingir mais sobre não ter entendido. Chocolate estava se referindo a um cara por quem fiquei extremamente apaixonada. Foi começando assim... encantamento... envolvimento... até que deixei de ser virgem com ele. Ele que definia quando nos encontrávamos... não queria me expor em festas, em eventos... aparecia quando queria e sempre conseguia o que queria de mim. E vivia dizendo que a gente iria se casar. 
Chocolate sempre me avisava que não ia com a cara dele. Chegamos a discutir feio por causa dele, pois pra mim era puro ciúmes. Meu amigo dizia: 
- Deus queira que eu esteja errado, amiga. Espero que eu esteja. Mas continuo dizendo... esse cara está brincando com você e vai te decepcionar. 
Até que em uma vez, eu disse para o dito cujo que precisaria viajar para resolver uma questão da pensão do meu pai com minha mãe e que voltaria uns três dias depois. E sem querer, por conta de um imprevisto no trabalho da mãe, iríamos só na segunda seguinte. Tentei falar com ele no celular, mas não completava. Então, havia ligado pro Chocolate e marcado de sairmos a noite. Quando paramos em um posto para abastecermos lá estava ele com uma mulher grávida e com uma criança de mais ou menos 3 anos. 
Não consegui sair do carro em um primeiro momento. 
Chocolate nada falou. Apenas observou junto comigo... 
Queria ter certeza de que a tal mulher estava mesmo com ele e de que não era uma prima, amiga ou desconhecida.  
O menino correu e ele chamou a criança de filho... correu atrás dele entregando para a mulher, parecendo brigar com ela também... depois de uma pequena discussão, eles se beijaram. 
Saí do carro num rompante e fui até eles... E então estava desmontado o circo. 



Quando voltei a mim, Chocolate estava estalando os dedos na altura dos meus olhos. 
- Hey! Hey!! Sunny!!! 
Balancei a cabeça voltando para minha realidade e dizendo que estava tudo bem. Estávamos lá, os dois de pé perto da geladeira ainda... ele me abraçou e carinhosamente disse que não queria me ver daquele jeito novamente. 



Depois da decepção, me fechei pra tudo e pra todos. Amava demais aquele traste. Parei de comer, de sair, de querer ver meus amigos... emagreci e adoeci por conta de uma forte anemia e depressão. 
E somente com a ajuda e cuidados da minha mãe, do Chocolate e de várias sessões de terapia, fui entendendo que só dependia de mim sair daquele estado. Percebi que eu havia me colocado naquela situação. Que eu havia deixado minha essência para viver uma vida que não era pra mim, transferindo minha felicidade para outra pessoa. Desde então, decidi que não me apegaria mais a ninguém e que curtiria a vida da forma que eu quisesse... viajando, estando com família e com amigos de verdade. E que, se fosse pra me apaixonar, me envolver com alguém, não seria daquela forma aprisionante. Nunca mais. 



Ainda dentro do abraço, sussurrei no ouvido do Chocolate: 
- Não vai acontecer de novo, amigo. Te prometo. 
Prometi pra ele, mas algo me dizia que eu poderia não cumprir aquilo. Afinal, Camila estava realmente começando da mesma forma... determinando o jogo... conduzindo do jeito dela. E eu, inconscientemente, permitindo. 
Conversar com meu amigo tinha ligado um alerta completamente importante. E eu não poderia deixar de prestar atenção nisso. Não mesmo. 
Chocolate mudando completamente de assunto, comentou que iria tocar em um aniversário na quarta e perguntou se eu não queria lhe acompanhar, e ajudar com os instrumentos. Eu aceitei na hora. 
Ficamos batendo mais um papo, matando as saudades, até que ele disse que precisava ir. Quando o levei até a porta, tinha escurecido. Combinamos de nos encontrarmos amanhã para irmos ao aniversário, e então, nos despedimos com um abraço forte. 
Quarta chegou... o dia correu bem... 
A tardinha passei na barraca das meninas, pois precisava agradecer pelos cuidados que tiveram comigo no domingo e segunda. 
Lú ao me avistar abriu um super sorriso já dizendo: 
- Olha quem tá aí, Ive! 
Me aproximei sorrindo... 
- Olá, meninas!!!! Tudo bem? 
As duas responderam que sim e me fizeram a mesma pergunta. 
Conversamos um pouco sobre esses dois dias que não tínhamos nos visto. Nem uma e nem outra perguntou sobre Camila. Até que eu entrei no assunto. Perguntei às duas: 
- Tenho uma coisa pra falar pra vocês... 
As duas pararam de fazer o que estavam fazendo e ficaram esperando. 
- ... Camila apareceu lá em casa anteontem assim que você saiu, Lú.  
Silencio e incredulidade preencheram o ar, até que Ive questionou: 
- Foi fazer o quê? 
- Ora... fazer o quê? Foi se desculpar por ter ficado sabendo que ela tinha sido minha primeira mulher. O mais estranho é ela só ter ido lá porque sua amiga Flávia contou. E mais estranho ainda é a advogada saber de algo tão íntimo meu, uma vez que nos conhecemos na semana passada. Não acham? 
Mais um silencio no ar...
As três ficaram se olhando, se analisando. Eu queria saber de onde a informação tinha vazado. Só elas sabiam. 
Lú olhando pra mim e depois pra Ive com certo espanto... como se adivinhasse o que vinha a seguir. Até que Ive colocou um ponto final depois da reticencia.  
-  Fui eu, Sunny.
Lú havia olhado pra ela com descrença e incredulidade. Tanto que soltou: 
- Perae! O que você fez, amor? – Perguntou se dirigindo à esposa. 
Ive continuou... 
- Eu saí da sua casa completamente indignada com o ocorrido. Você estava sofrendo, Sunny. Não consegui me conter e liguei pra Flávia pra saber, pescar algo. Conversa vai, conversa vem, Flávia disse que Camila voltou completamente calada no carro. Que parecia ter acontecido algo, mas que ela não havia contado nada demais, apesar de ter sido questionada. 
Lú deu as costas... e eu continuei esperando Ive completar a explicação...  
- Flávia perguntou por você, pois havia te visto saindo do pub com a Camila. Como uma perícia investigativa, ela acabou tirando de mim mais do que deveria saber. 
- Você tá me dizendo que foi a primeira noite delas? E que Camila deixou Sunny e saiu sozinha no meio da madrugada? 
- Foi o que entendi também.  
- Mas e Sunny... o que falou sobre isso? 
- Ficou arrasada né? Ainda mais pela expectativa de ter sido algo novo e... 
- ... Novo? Como assim? 
Flávia insistiu quando percebeu o silencio do outro lado da linha... 
- Ive... vou te fazer uma pergunta e quero que seja sincera comigo, ok?   - Foi a primeira vez da Sunny com uma mulher? 
O silencio fez Flávia saber a resposta. 
E foi assim que acabei falando mais do que o necessário. Ela só juntou tudo e deduziu acertadamente. Mas juro que não respondi a sua ultima pergunta sobre ter sido sua primeira vez e... 
- ...E precisava, Ive?  
Lú chamou sua atenção.  – Caraca, amor! Por que não me contou? 
- Porque eu não achava que Flávia fosse questionar Camila sobre isso. Achei que esperaria Camila se abrir... enfim... seria discreta...
- Flávia discreta? Só quando interessa a ela. 
Lú completou. 
Dei de ombros e falei: 
- Ive... fique tranquila. Sei que não fez por mal, tá?
- Sério? Não tá brava comigo? 
- Não... mas só porque tivemos uma noite maravilhosa. Ela veio depois do expediente para se desculpar. Eu achei isso muito fofo. 
- Então estão ficando? Conseguiu tirar a mulher da penumbra? 
Perguntou Lu toda empolgada? 
- É... vamos ficamos... enquanto isso, vou curtindo a vida como posso. Se rolar algo mais forte a ponto de ficarmos juntas, ok. Se não rolar, terá sido uma experiencia nova e bastante prazerosa. Não estou criando expectativas, sabe? 
- Isso é muito bom. Acredito que ela não vá querer nada muito sério agora.  
Acertou Ive com sua avaliação aguçada. 
- É... você tem razão. Bom... a conversa está boa, só que eu vou ter que ir, pois daqui a pouco vou me encontrar com o Nêgo. Vamos a uma festa onde ele vai tocar... 
... Lá em Castelo Branco? 
Lu me interrompeu enquanto a abraçava. 
- Sim. Vocês também vão? 
- Sim, sim. Fomos convidadas. A aniversariante nos chamou. 
É a Gabi, lembra? 
- Gabi? ... Fiz uma pausa para buscar na memória quem era. E só lembrava de uma. Mas a que eu conheci não mora mais lá. Perguntei... – É essa Gabi que tô pensando? 
- Sim, amiga. A Gabi que foi morar no Canadá...   
Me norteou, Lú. 
- Ah! Então ela voltou? Que legal! Não a vejo há anos. Desde que ela e os irmãos foram pra lá. 
Ive deu sequência na explicação... 
- Eles foram pra estudar. Os dois irmãos voltaram depois que terminaram a pós deles, mas ela continuou porque tinha conseguido outro curso. Aí conheceu uma pessoa... casou e voltou há poucos meses. Foi logo assim que você viajou. 
- Bacana. Então, nos encontraremos lá. 



Eu e Chocolate paramos em frente ao casarão onde estava rolando a festa. Ele se identificou e indicou-me como sua auxiliar no evento. Entramos carregando suas ferramentas de trabalho... microfone, pedestal, caixa de som, etc. Uma pessoa do staff nos orientou onde deveríamos montar as coisas e disse para ficarmos à vontade, que logo logo a aniversariante viria falar conosco. 
Montamos tudo e ficamos só conversando e vendo os convidados chegando. Até que nossas amigas chegaram. Vieram falar com a gente primeiro e depois nos perguntaram onde estava a dama da festa. Chocolate informou que ela não tinha aparecido por ali ainda, pois estava resolvendo uma questão com alguém da organização. Só que assim que ele acabou de falar, ouvimos a exclamação: 
- Vocês vieram!!!! Não acredito!! 
Gabi falou com as meninas calorosamente. Não foi diferente com o Nêgo e somente depois falou comigo, me dando um beijo no rosto, de forma mais contida. 
- Oi Sunny... 
A cumprimentei de volta, dando-lhe os devidos parabéns, e me espantei com o fato dela ter se lembrando do meu nome depois de tanto tempo que não nos víamos. 
- Bem... fiquem à vontade. A festa também é de vocês e se precisarem de algo... 
Fez uma pausa, focando o olhar em mim enquanto completava: 
– ... é só me chamar! 
E desviando o olhar, terminou: - Vamos nos divertir!!!
Saiu puxada por duas amigas, que a levaram pra pista...



Rapidamente Chocolate veio com a sacanagem costumeira...
- Vocês viram isso? Foi impressão minha ou ela fez uma pausa sugestiva? 
- E que sugestão!
Brincou Lú.
Olhei praqueles implicantes, peguei um copo de cerveja e falei já saindo do meio deles...
- Vocês estão é vendo coisa demais. Eu hein! 
Deixei eles rindo e fui ao banheiro. 



A festa estava super animada. Os convidados foram chegando e com isso o ambiente ficava cada vez mais cheio. A pista refletia o estado de alegria, animação e bem-estar das pessoas. Principalmente o dela... Gabi era radiante, divertida, solta, livre! Todos queriam estar e comemorar com ela. 



Ao observá-la, meu pensamento foi em Camila. Primeiro desejando que ela pudesse estar ali comigo daquela forma como Gabi era... e depois desejando que as coisas fossem diferentes. Seria tão mais fácil se não existisse uma barreira entre nós. É certo, pois, que já havíamos aprendido a ultrapassá-la. Mas eu sabia, sentia que, se assim continuássemos, iriamos cansar desse jogo. Seria muito melhor se a barreira deixasse de existir, tirando qualquer limite, fronteira entre nós. Seria tão mais fácil...
- O quê? 
Fui desperta por uma voz dentro do meu ouvido... virei para olhar quem era. 
Gabi estava ali do meu lado... com um sorriso tão encantador que acho que cheguei a parar para admirá-lo por alguns segundos. E antes que eu pudesse responde-la, ela se adiantou: 
- O que seria tão mais fácil? 
Continuou sorrindo... 
E foi aí que percebi que estava pensando e falando alto. Qual teria sido a parte que ela ouviu? 
Sorri um pouco sem graça e respondi tentando disfarçar o embaraço: 
- Você tá aqui a muito tempo? 
- Sim... desde o começo... 
Pensei: “Fudeu! Ela ouviu tudo. ” 
- ... da festa!
Ela completou a frase me fazendo sorrir, acho que de alívio. 
Passou um garçom oferecendo cerveja... ela pegou uma pra si e uma para mim. Me entregou enquanto perguntava e estendia o seu copo sugerindo um brinde: 
- Está sendo bem servida?  
- Estou sim..
Acompanhei o movimento com o meu copo, batendo no dela levemente... -  A festa está ótima. Parabéns mais uma vez. 
Gabi agradeceu com aquele sorriso. Tinha algo nele que me chamava atenção.  
- Obrigada. Espero que curta bastante. 
- Ah sim. Pode deixar! 
Só consegui dizer aquilo pra ela. Na pausa... cada uma levou seu copo à boca... e foi naquele momento que os olhares se fixaram novamente por um instante ... 



Ao descer o copo, ela passou a língua nos lábios e eu acompanhei o movimento de forma involuntária... enfiei a cara no copo novamente para disfarçar. 
- Você vai cantar com o Sérgio? 
- Sérgio? 
Eu nunca o chamei desse jeito. Por isso o não reconhecimento do nome num primeiro momento... 
- Ah tá! Com o Chocolate? Não. Não sirvo nem para cantar debaixo do chuveiro. 
Continuei falando e sorrindo... 
- Eu duvido. Você tem a voz bonita. Deve ser bonita também cantando. 
- Ela é bonita até eu cantar. É melhor não tentar ouvir... 
- Por que não? 
- Porque não gosto de mostrar coisas ruins a meu respeito. 
- Então só mostra coisas boas? 
- É... 
- Tipo o que? 
Putz! O que estava acontecendo ali? Onde aquele papo ia acabar? Ela estava sendo cordial e simpática comigo ou era um flerte e eu não estava percebendo? 
Ela foi chegando tão perto que era possível sentir-me queimar... Gabi já estava praticamente a um centímetro da minha boca, me olhando e esperando minha resposta... Pensei em Camila, mas como ela mesmo havia proposto, era só sexo, não é mesmo? Então, me perguntei porque não? Porque não me permitir? 
Me aproximei ainda mais dela e falei: 
- Tipo isso... 
Puxando-a para selar um contato envolvente, interessante e magnético.  



O tempo parou... o beijo dela era ... não sabia nem explicar como... sei que havia despertado um interesse que até então estava somente em outra pessoa... seu hálito e intensidade me conduzia como maestria e destreza... quando nossas bocas se separaram... nós nos olhamos carinhosamente. Até que ela falou... 
- Fica comigo essa noite? 
A beijei em resposta e depois completei:  
- Onde se ganha o pão, não se come a carne... 
Ela se aproximou novamente... me beijou e depois sussurrou no meu ouvido: 
- Eu espero o final do expediente... 
Jogou um beijo no ar e saiu dançando...



Chocolate fez seu pocket show acústico para os convidados...tocando de Seixas a Ed Sheeran... E antes de acabar puxou os parabéns para aniversariante. Depois disso, fomos para a pista dançar...  Dentre os diversos boys que davam em cima do Chocolate, ele ficou com um gatíssimo e sumiu. Ficamos eu, Ive, Lu e ela... que se aproximou por trás de mim dançando... deixei ela conduzir o movimento conforme a música... ela me virou e falou: 
- Podemos agora? 
Nem respondi. Não precisava... a beijei ali mesmo e assim ficamos... dançamos, bebemos, nos divertimos e curtimos bastante. Vezes ela se afastava e ia dançar com amigos... depois voltava pra mim... que estava ali me entretendo... 
Ive e Lu tinham se espantado quando nos viram dando um beijo, mas depois curtiram. Ive chegou a comentar que achava ela linda e que a gente super combinava. Após algumas horas, elas se despediram de mim. A festa estava acabando. Chocolate reapareceu e me disse que iria recolher os instrumentos para ir embora também. 
Como ele não estava nada sóbrio, decidi que iria acompanhá-lo. Procurei por ela na pista, mas não a encontrei. Andei pelo salão e a avistei sentada em um sofá bebendo um copo d’água. Sentei do seu lado... passei a mão em seus cabelos num gesto preocupado... 
- Você está bem? 
Ela continuou bebendo até matar a última gota do copo e depois me respondeu: 
- Estou um pouco bêbada. 
- Isso tá claro, Gabi. 
Passou um garçom e eu pedi mais um copo pra ela... 
- Toma... bebe mais um pouco. 
Ela aceitou e bebeu como se não houvesse mais água no mundo. 
- Desculpa... Sunny... - Eu bebi demais... que veeergonha... 
Tentou falar, mas saiu meio enrolado...  
- Que isso. É super normal. Tem alguém pra cuidar de você aqui? 
Ela me olhou... entendeu que eu não iria ficar com ela até o final da festa... 
- Porque você não fica comigo? 
- Porque você não tem condições nem de falar direito... E meu parceiro também está precisando de mim. Então, vou leva-lo em casa. 
- Mas... Sunny... fica mais um pouco...
- Não dá. Vamos fazer assim... Quando você estiver boa, a gente combina de se encontrar, que tal? 
- Perfeito. 
Dei um beijo em uma de suas bochechas e disse... 
- Adorei te conhecer melhor. 
Ela sorriu... me abraçou e disse: 
- Eu que adorei te conhecer melhor... queria isso desde aquela época. 
Olhei para ela com estranheza e surpresa. Que época? Como ela não iria falar direito o que eu queria saber, deixei para lá. Depois perguntaria o que ela quis dizer com aquilo. A beijei mais uma vez e saí, indo socorrer Chocolate e levá-lo para casa. 



Quinta passou e eu não sai de casa, praticamente. Mais um dia e nenhuma ligação dela.  
A sexta começou bem cedo. Eu tinha uma pesquisa para fazer que iria me tomar bastante tempo. Deixei o celular de lado. Quando terminei o trabalho, ao pegar o telefone tinham 5 chamadas não atendidas. Todas do mesmo número desconhecido. 
Meu coração acelerou... Será que tinha sido Camila? Ou seria Gabi? Ri da situação, pois quem eu desejava que fosse realmente? Por ter conhecido a primeira, pude me permitir com a segunda. Com uma tinha sido e seria só sexo. Com a outra, como será que seria? Era engraçado, pois ao mesmo tempo em que eu dizia para mim mesma que não iria criar expectativas com mais ninguém, no fundo estava criando. Podia ser pouco, mas o simples fato de esperar a ligação de alguém, e conscientemente querer que fosse mais da Camila do que da Gabi, era uma forma de aguardar por algo. 
Liguei para o tal número e esperei as cinco chamadas... até que ouvi uma voz rouca... 
- Alô? Sunny? 
Reconheci a voz do outro lado... 
- Oi, Gabi. É você? 
- Sim... já estava esperando outra é? 
Ela falou com um tom de brincadeira que achei um charme. Mesmo que eu quisesse, não iria dizer a verdade. 
- Não... só achei que você não iria me ligar... 
Dei corda... 
- Como assim? Acha que estava bêbada demais pra estar falando a verdade? 
- Não é isso... é que você poderia ainda estar de ressaca... 
- Ah estou! A cabeça tá doendo horrores. Mas eu disse que ia te ligar... 
- Que bom. Toma bastante água. 
- Sunny... 
Ela me chamou e esperou eu responder... 
- hun? 
- Quero te ver de novo. 
Continuei em silencio... absorvendo aquela frase. Será que era um sinal para eu deixar de esperar por Camila? Por mais que eu quisesse, era só eu estar sozinha que eu pensava nela o tempo todo... Não sabia se combinava algo com ela. E se Camila me ligasse? E se ela aparecesse? 
- Sunny? 
Soou a voz doce do outro lado... 
- Ah eu também. Vamos nos ver hoje? 
Respondi e convidei num impulso. Se eu ficasse me perguntando se deveria, não iria. 
- Ótimo. Onde sugere? 
- Vamos lá no Pub.  
- Pode ser. Combinado. Te encontro lá depois das dez, tá bom? 
- Excelente! 
Mandou-me um beijo e desligou. 
Tinha acabado de chegar ao pub, estava atravessando o bar para achar um lugar e esperar Gabi quando meu telefone vibrou dentro da bolsa. Me atrapalhei um pouco até que consegui pegá-lo e atender. 
- Oi? 
- Sunny?
- Sim... Quem é?
- É a Camila.
Camila? Por conta do barulho não tinha reconhecido a voz de primeira. Depois de ouvir aquele nome, meu coração quase tinha saído pela boca. Ela estava na linha... aposto que queria me ver. Mas hoje? Passou a semana toda sem sequer me ligar? Muito conveniente para ela. 
- Oi, tudo bem? 
Falei tentando não passar animação na voz. 
- Tudo, e você?
- Tudo ótimo! 
- Eu queria te ver.
Ela finalmente disse a que veio. Ou melhor, até então, não tinha aparecido. E eu não era seu brinquedinho. Combinei com a Gabi e não iria dar para trás por conta de uma noite de sexo... Fui fria com ela. 
- Hoje não dá. Me liga amanhã?
- Tá.
Ela aceitou sem protestar e desligou. 
Fiquei ainda mais com raiva dela. Era daquele jeito que eu ficaria? A disposição? Não! Definitivamente não. Seria do meu jeito e quando eu quisesse. 
- Posso saber que cara enfezada é essa? 
Alguém havia chegado ao meu lado e dito... olhei e era o meu casalzinho preferido. Antes de eu ir, havia ligado para elas dizendo que estaria lá, e que encontraria com Gabi. As duas se empolgaram e foram também. 
- Cara... vocês não vão acreditar quem acabou de me ligar dizendo que queria me ver. 
- A Rainha Elizabeth? 
A Ive brincou. 
- Se fosse ela estaria no lucro, literalmente. 
Brinquei de volta. Rimos. 
- E aí? 
- E aí que eu dispensei ela. Disse que era para me ligar só amanhã. 
- Olha!!! Muito bem! Bora comemorar esse momento! 
Pedimos uns drinks e fomos remexer o esqueleto... Já ia dar onze horas e nada da Gabi chegar. Cheguei a cogitar que ela me daria um furo. Continuei dançando até que, me animei ainda mais achando que era ela, assim que ouvi um: 
- Oi, linda... 
Na hora reconheci aquela voz. E por conta do grau em que já me encontrava, não tive condições de fingir nada. Fui receptiva com ela. Camila estava linda! Completamente maravilhosa e cheirosa. E eu perdida. Ela apareceu lá mesmo depois de eu falar que tinha compromisso. E aquilo mexeu comigo de verdade. Minha vontade era sair dali correndo, tirar toda a sua roupa e tomá-la para mim. Entretanto, não podia ser tão fácil... recusei a bebida oferecida e continuei dançando... ela veio no ritmo... tentou se aproximar... por mero cuidado preferi não deixar ela me tocar... iria tenta-la até ela não aguentar mais... 
Naquele momento eu não pensava em mais nada... eu apenas queria deixar que as coisas fluíssem... esquecendo e abandonando qualquer consequência que viesse depois. 
 A música acabou e então aceitei ir para o bar com ela.
No bar, Camila pediu Blue Margarita pra mim... trocamos algumas palavras sugestivas e rimos juntas...  
Ela sugeriu novamente que queria me levar pra outro lugar, mas naquele momento eu fui firme ao dizer que não daria, pois já tinha outro encontro marcado... mostrando, evidenciando pra ela, que apesar de eu estar mais confusa que qualquer cego em tiroteio, eu a queria, mas não devia. Havia marcado com outra pessoa. E não seria cretina a tal ponto. 
- E é inadiável?
Camila perguntou com cara de que iria conseguir algo se continuasse insistindo...   Achei simplesmente o máximo... ri dela...  e repeti: 
- Camila... - Tô esperando uma pessoa. 
Falei enquanto levava o liquido azul à boca... e foi exatamente naquele momento que a vi parada na porta... estonteantemente linda.
Estendi a taça para que Camila segurasse e fui até aquela mulher sem pensar.  Foi como se ela tivesse me jogado um feitiço.   
Ao me aproximar da Gabi, a abracei e falei pra ela... 
- Vamos sair daqui? 
- Mas... agora? Acabei de chegar... 
Disse ao mesmo tempo que me beijava na pontinha da orelha...  
- Eu sei... mas quero que você me leve daqui... vou a qualquer lugar com você. 
Gabi sorriu... e me puxando pela mão em direção à porta disse:  
- Vamos agora! 
Eu a contive, mostrando a comanda que precisa pagar antes de sair. Ela assentiu e continuou me esperando... praticamente grudada em mim, como se tivesse marcando território. Paguei a comanda, peguei Gabi puxando-a pelo braço em direção à saída... e antes de sair, olhei pra Camila, que estava com cara de incrédula e com as duas taças de Margarita nas mãos, me olhando... fiz um sinal de “me liga!”, soprei um beijo no ar e fui. 



Sai com um sorriso divertido nos lábios. Tinha conseguido! Havia resistido à Camila. Graças à chegada da Gabi. 
Andamos alguns metros até chegarmos ao carro dela. Ela me pediu pra entrar... Estava um vento gelado... e acabei soltando um gemido de satisfação quando entrei no veículo, pois estava bem mais agradável. A loira ligou a ignição e antes de arrancar com o veículo, perguntou:
- Pra qualquer lugar?
Fiz que sim com a cabeça e afirmei:
- Pra qualquer lugar. 



Ela ligou o som... e deu partida. Ficamos caladas por alguns minutos... tinha sido tudo muito confuso e rápido. Eu conhecia o caminho que ela estava fazendo, mas não consegui identificar pra onde estaria me levando. 
Assim que estacionamos, ela repousou a mão em minha perna esquerda, descoberta pela pequena saia que eu vestia... alisou com o polegar... deu um sorriso sem vergonha e disse:
- Pronta?
Eu não sabia para o que deveria estar pronta... Mas fosse o que fosse... Eu disse sim. 
Ela havia me levado para uma casa noturna... cujo nunca tinha entrado. Ela me conduziu pelas mãos até entrarmos efetivamente no estabelecimento. Olhei ao meu redor... Alguns casais espalhados pelos cantos da casa... E todos tinham uma coisa em comum: eram gays. Olha! Eu estava em uma boate apropriada. 
Gabi, percebendo que olhava tudo com um pouco de curiosidade, me questionou se estava tudo bem. Respondi que sim e confessei que nunca tinha ido a uma boate gay. Ela ficou surpresa com a novidade, mas não deu muita atenção. Apenas disse que ali poderíamos ficar à vontade para curtirmos a noite e nos conhecermos melhor. 
E realmente foi o que aconteceu... Sentamos em uma mesa... Ela pediu uma taça de Aperol spritz e eu um Violet Jungle. Conversamos bastante... ela falou sobre a festa, de como ficou péssima no dia seguinte... que queria ter me ligado, mas estava sem voz até pra me dar um oi... pedimos mais uma rodada de bebidas. Dessa vez fui de Wonderland e ela de Humbolt’s.... E continuamos conversando... trocando caricias, beijos... estava um clima tão bom, divertido, aconchegante e acolhedor, que sinceramente, não tinha pensado na Camila nem um segundo... até ela tocar no assunto... 
- Sunny... posso te fazer uma pergunta? 
Percebi que o tom dela era um pouco inseguro... e me preparei pra abordagem... 
- Claro... pode falar... 
- Me responda só se quiser, ok?  Lá no pub... quando eu cheguei... tinha uma mulher que estava te olhando intensamente. E quando você saiu, eu vi que você fez um sinal pra ela... Sei que não temos nada e eu não posso te exigir nada... mas é que... não sei como perguntar... 
- Não precisa, Gabi. 
Encostei meus lábios nos delas e continuei... 
- Ela é um caso perdido na minha vida.... é complicado te contar isso agora. Não queria estragar esse momento que estamos tendo... 
- Tudo bem... eu entendo... mas... 
Fez uma pausa, escolhendo as palavras... 
- ... devo me sentir em segundo plano contigo? 
Como poderia dizer que estava me sentindo apaixonada por Camila, mas que queria dar uma chance ao que nós estávamos começando a ter para ver se deixava de gostar da outra? Como dizer isso sem a possibilidade de, talvez, não a chatear? Peguei uma de suas mãos... acariciei... levei até a minha boca, dando um leve beijo nas pontas dos dedos... olhei pra ela e disse: 
- Quero conhecer você, Gabi.  
Ela sorriu... pegou a minha mão direita... imitou meu gesto... e proferiu: 
- Só depende de você. 
Nos beijamos de forma quente, cálida... ardente... levantamos para dançar um pouco e ficamos nos curtindo ao som que tocava na pista... Gabi se movimentava encaixada em mim... alternando beijos com deslizes de mãos pelo meu corpo... o roçar dos nossos seios sob nossas blusas denunciavam o desejo que estava ficando cada vez mais evidente... Ela... com seu jeito doce, mas decidido soprou no meu ouvido: 
- Te quero, gostosa... 
E eu totalmente arrepiada, correspondi... 
- Eu também te quero. 
Saímos de lá e disse que queria ir para minha casa. Queria que fosse lá, para justamente não ficar olhando pra ela e só lembrar da Camila. 
Antes de sairmos da boate, dei uma golada em um whisky e saímos em direção à minha casa, cujo havia dado o endereço pra ela. 
Chegamos naquele fogo... abri a porta com uma dificuldade tremenda... entramos sem conseguirmos nos desgrudar... eu tirei a blusa... Gabi me jogou no sofá... sentou de frente pra mim... e começou a me beijar lenta e perigosamente deliciosa... conduzindo o movimento de vai e vem enlouquecedor... minha cabeça começou a rodar... flashes de momentos do último  sábado vinham confundindo ainda mais a minha cabeça... estava ali com uma, mas a imagem que aparecia era da outra... já não conseguia mais entender o que estava acontecendo... senti uma forte dor no estômago, e foi aí que num movimento derradeiro, não suportei a pressão e acabei, da pior forma que podia imaginar, com aquela noite que tinha tudo pra ser arrebatadora. 
Acordei com o sol aquecendo a batata da minha perna. Me mexi na cama e quando abri os olhos, levei um susto daqueles. Gabi estava lá... Deitada de bruços... coberta por um pedaço do meu lençol... Só de calcinha e sutiã. Dei um pulo da cama, não por ela estar lá, mas é que... algo estava errado. Passei as mãos pelos cabelos para arrumá-los. Estava atordoada. Fiquei pensando... Tentando lembrar de alguma coisa, mas naquele primeiro instante, não vinha nada. Olhei pra mim e vi que estava só de calcinha.
- Meu Deus!!!
Levei a mão à boca num misto de perplexidade e assombro. 
- O que aconteceu nessa casa? 
Peguei um blusão meu dentro da minha gaveta, vesti e sai do quarto de fininho para não a acordar. Mas antes parei pra admirar aquele corpo... lindo... 
Fui para o banheiro ainda incrédula. Não era possível. Tava na cara que eu tinha feito algo de grotesco, pois não me lembrava de ter ido pra cama e transado com ela. 
Abri o chuveiro e deixei a água quente cair sobre meu corpo... Eu cerrava os olhos no desejo mais profundo de lembrar o que tinha acontecido, mas só me lembrava de estarmos saindo do carro e abrindo a porta de casa. Depois não vinha mais nada. Absolutamente nada. Desliguei o chuveiro, me enrolei na toalha e fiquei uns segundos me olhando diante do espelho. Me peguei pensando...
- O que foi que eu fiz?
Não saber o que tinha ocorrido estava me deixando aturdida... como iria olhar pra cara da Gabi quando ela acordasse? E porque ela estava só de calcinha e sutiã se eu tinha quase que certeza de que não tínhamos feito nada? Mas e se tivermos feito? Ficar ali conjecturando, especulando não iria esclarecer nada... Era melhor esperar a loira acordar pra saber a real. 
Não demorou muito... eu estava enrolada na toalha ainda e fazendo um café na cozinha, pois minha cabeça estava doendo demais... abri a geladeira e quando a fechei, ouvi aquela voz já conhecida, mas que daquela voz, causava-me vergonha... e Gabi olhando pra mim... quase nua... 
- Olá! - Ela andou em minha direção... Chegou bem perto... Me deu um selinho devagar e disse: - Bom dia, moça! 
O sorriso dela ela maliciosamente lindo. Lancei um olhar curioso e respondi com um bom dia também. 
- Dormiu bem? - Completei.
Ela sorriu... Se despreguiçou e respondeu:
- Como há tempos não fazia. Hum o que tá preparando aí? - Meteu a cara na panela, levantando a tampa para ver o que era: - huuum ovos mexidos! Eu adoro! - Sorri pra ela, que piscou dizendo em seguida: - Que prendada!
- Que nada. Isso é simples pra você.
Parou e ficou me olhando... Eu queria perguntar algo, mas o que eu podia falar? Se eu dissesse que não lembrava de nada da noite, eu poderia magoá-la. E se eu não dissesse nada, eu que ia ficar sem entender o que aconteceu.
A loira continuou me olhando... Até que falou:
- Posso te perguntar uma coisa, Sunny?
Ai meu Deus. Aposto que ela ia questionar algo sobre a noite passada... Parei até de mexer nas panelas e prestei atenção.
- Sim... Claro.
Ela ainda perto um pouco mais perto mim, tirou um fiapo de cabelo do meu rosto e então fez a pergunta:
- Posso tomar um banho aqui? Devo estar com cheiro ruim depois de ontem... 
- Cheiro ruim? É... como assim? 
- Ora, como assim? Você não lembra né? 
Falou sorrindo enquanto pegava um pouco do ovo mexido com uma colher... jogando na mão e levando à boca... 
- Você me batizou, boneca! 
Que vergonha que eu senti. Não sabia onde eu enfiava minha cara. Tive até medo de perguntar o que fiz depois... mas não precisou, porque ela soltou o verbo logo... 
- Você me sujou toda... sujou o tapete da sua sala... e me deu um puta trabalho. Preferiria que tivesse sido outro tipo de trabalho... mas, fazer o que né? 
Ainda tirando um sarro da minha cara...continuou...  
- Aí eu te dei um pouco de água... te levei pra sua cama... terminei de tirar sua roupa... e você virou pra dormir enquanto balbuciava um nome de uma mulher... eu acho. 
Quando ela falou aquilo, ignorei completamente toda a vergonha que passei e me preocupei somente com aquela informação. Gabi também estava só me avaliando... esperando pra ver o que eu iria falar... Mas eu não tinha muito o que falar... apenas ser sincera: 
- Me desculpe... não desejei que terminasse assim... 
- Nem eu. Foi tudo culpa daquele gole de whisky que você tomou. Bebida maldita, viu? 
Como é que ela podia levar tudo na galhofa? Eu tinha vomitado nela, falado algo que a tinha incomodado, senão ela não teria dito nada, e ainda estava brincando com a situação... e era justamente isso que me encantava nela.
Cheguei perto dela... que ficou parada esperando... sem reação... Inspirei sua nuca... desci pro seu pescoço... olhei praquele par de seios cobertos por uma renda preta... e disse: 
- Deixa eu me redimir... 
Ela suspirou, mas colocou as mãos para que eu me afastasse dela: 
- Primeiro eu tomo um banho... depois eu penso se você tá merecendo... 



Continuei preparando as coisas para nosso café da manhã, apesar de ser quase duas horas da tarde... ela saiu enrolada em duas toalhas... uma na cabeça e outra no corpo.... fiquei olhando-a atravessar o corredor da sala para o quarto. Eu já havia deixado uma blusa minha pra ela vestir em cima da cama. Após vestir-se, continuou com a toalha enrolada nos cabelos longos e molhados. E quando estava indo para a cozinha, minha campainha tocou. 
Como eu estava com as mãos ocupadas, pedi pra ela atender e me dizer quem era. Ela abriu a porta e deu de cara com ... Camila. A cara de surpresa que Camila fez foi digna de uma fotografia. Ela olhou para a loira... Para o cabelo de cima abaixo... E se nitidamente se concentrando para não transparecer nada na voz, disse:
- Ah... Me desculpe, eu... Talvez eu deva... Voltar em outra hora.
Gabi a reconheceu... e fez questão de perguntar: 
- Qual é o seu nome? 
As duas se encararam... e com um prazer, a mulher do outro lado da porta soltou soletrando... 
- Camila.  Por que? 
- Por nada... 
Gabi então fechou a cara... saiu de frente da porta e foi para o quarto... deixando claro que seria um assunto que eu teria que resolver depois... 
- Camila! Calma! - Quando cheguei até a porta, ela já estava de costas.  - Que surpresa você aqui ainda hoje.  
- Surpresa? Não se preocupe...  Já estou indo. Eu não quero... - fez uma pausa escolhendo as palavras: - Te atrapalhar.
Nesse exato momento, Gabi apareceu na porta já com os cabelos arrumados... com a bolsa no ombro e dizendo: 
- Fica... quem tá atrapalhando algo aqui sou eu. 
Eu fiquei pateticamente parada. Não sabia como lidar com aquilo. Era novo e repentino pra mm.... acho que depois de muitos segundos que consegui falar algo... 
- Gabi, não! Não precisa ir... não é nada disso que você tá pensando. 
Nunca achei que um dia eu fosse falar essa frase.  
Ela apenas parou... olhou pra mim e falou: 
- E o que você está pensando, Sunny? Eu não vou ser parte desse joguinho... 
- Espera! 
Ela simplesmente saiu sem olhar pra trás... deixando Camila e eu ali paradas absorvendo o climão que tinha ficado entre nós três.  










postado originalmente em 04 de Julho de 2013 às 18:04

8 comentários:

  1. MINHA NOSSAAAAA, demorou pra sair, mas quando veio superou todas as expectativas!!!!!!

    MEGA ULTRA POWERR PARABENSSSSS

    AMEIII, a sunny, ta tentando atingir a camila, mas aparentemente só esta se confundindo... rsrsrs isso é bom, alias isso é ótimo!!!! o que será q a camila irá achar de todo esse comportamento heim???

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    1. Linda. .. eu tb to louca pra saber o que Camila vai achar. O que será que Diedra vai escrever no 11o cap. ???
      Beijos

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  2. não sei pq sentir sua falta jennyfer rara pq vc faz minha vida estranho isso O>O acho q é fato de toda quinta estar aqui ai quando vc não tem vc sente falta rs. ótimo capitulo a persa q to com pouco de peninha da camila rsrsrs .

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    1. Gynna, sentiu falta de que?
      Eu to aqui...bem pertinho de vcs!
      Agora. .. tá com pena da Camila? Acho q ela tava merecendo né? Kkkk
      Super bjs linda e obrigada pelo carinho.

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  3. É isso Sunny, ñ dá mole. Mas a Camila tb com uma pegada dessas quem resistiria!!!rs
    Capítulo legal Jenny
    Bjo

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  4. Nossa! Que saudade que eu tava de vocês!!! Mas ta perdoado...rsrs Tmb to passando por esse dilema de TCC e sei bem como é...
    Mas vamos ao que interessa! Gente, que capítulo foi essa?! Oh, Good! A Saunny cafajeste tá sendo o máximo, impossível não rir...
    Mas no fundo ela tá se envolvendo nehh! E a Camila, nem se fala, rsrs... Tomando as rédeas tmb e colocando as asinhas de fora!
    Agora, foi impressão minha, ou tá rolando uma pontinha de ciúmes da Flávia?! Aiai, nesse angu tem caroço viu...
    Jenny, esse foi delicioso de ler!!

    P.S.: Detalhe que, primeiro comentei o capitulo errado neh...kkkkkkk (falha nossa)
    BjOnn meninas!

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  5. Só espero q o conto não siga a linha desse capítulo.
    Comparando com capítulos anteriores foi muito pobre, para dizer o mínimo sem faltar com o respeito.
    Fiquei muito desapontada após toda a espera por um cap. da Jennyfer deparar com essa falta do q dizer espero um pouco mais de dedicação ao conto no próximo.

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  6. Estou adorando :)
    Talita G.

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